Família:
Responsável:
Poffo
Andrey Taffner

 

FAMÍLIA POFFO

Organizado por: Andrey Taffner
Agradecimento à Antonietta Tafner (Trento – Itália) pela coleta de documentos


Sobrenome de origem trentina – região norte da Itália, que até o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 pertencia ao Império Austro Húngaro, sendo parte do então Estado do Tirol.

A família Poffo, assim como as demais famílias européias passaram a utilizar sobrenome apenas após 1500, ano em que saíram as determinações legais do Concílio de Trento (famoso concilio reformista da Igreja Católica) para que os párocos fizessem o registro das famílias portando o sobrenome, que geralmente determinava alguma característica do local de onde essa família se originou ou algum “apelido” que os membros da família portavam.

Não é possível determinar ao certo o local de origem da família Poffo, todavia, conforme o “Dizionario Trentino-Italiano de Leonello Groff – Trento: Casa Editrice G. B. Monauni, 1982, pg. 64” o sobrenome Poffo deriva da palavra Pòfel, que é originaria do dialeto tirolês. Pòfel se referia ao último corte de feno, realizado no outono, na região Valle dei Mocheni – porção oriental da Província Trentina (Alta Valsugana).

Um local de origem para o sobrenome é apontado pelo livro "Saggio di Commento ai Cognomi Tridentini de E. Lorenzi – Trento: Stabilimento Lit. Tip. Scotoni e Vitti Ed, pg. 64-65” (editado em Trento e sendo reconhecido como livro base para pesquisas históricas relativa as origens dos sobrenomes trentinos). De acordo com o livro, o sobrenome Poffo derivada de uma característica geográfica, no caso palude (pântano). O termo dialetal para isso é Palù – do original termo latino “palus”, que designava terrenos alagados. Como foi dito acima, que o sobrenome estaria ligado ao corte do feno, realizado no Valle dei Mocheni, e como a explicação de E. Lorenzi demonstra que o sobrenome também estaria ligado aos paludes (Palù), é possível supor que a família tenha tido seu princípio em Palù di Fèrsina, que é uma cidade do Valle dei Mocheni. Essa origem da família seria por volta de 1300 ou 1500.

Essa explicação, naturalmente, é apenas uma teoria, sendo impossível determinar ao certo a origem precisa do sobrenome, mas é possível imaginar que nas regiões dos paludes trentinos (nesse caso, mais precisamente o Palù di Fersina) existisse uma pessoa responsável por roçar a ultima porção de talho, e que essa pessoa talvez recebeu o apelido (jargão) Pofèl, que se referia a essa ultima porção de talho. Nesse caso, o sobrenome estaria ligado a profissão que a pessoa executava (caso muito comum de origem de sobrenomes, como por exemplo o sobrenome Schneider = costureiro). A palavra Pofèl (que possivelmente originou o sobrenome Pof que depois derivou para Poffo) não existe no vocabulário alemão, sendo uma palavra usada apenas dialetalmente. Apesar de o dicionário citado ter se referido a essa palavra como de origem tirolesa, é possível também que ela tenha se originado de um termo latino, possivelmente hebraico, como aponta o escritor alemão Klaus Mampell, que diz que o termo Pofèl é derivado do termo hebraico Bafel, que designa objetos de pouco valor (dai sua relação com o corte da ultima porção de talho, que é de baixo valor). Essa mistura de termos e vocabulários entre culturas e muito comum na Europa, por ser um continente pequeno com várias culturas diferente convivendo.

O que se sabe ao certo, a respeito da família, é que em 1569 a mesma se encontrava em Caldonazzo (TN, Itália), o que comprava isso é a certidão de batismo de Giuliana Pof (o sobrenome originalmente era escrito assim). Esse documento de 1569 é talvez o primeiro registro escrito em que conste o sobrenome da família.

Toda a família Poffo se desenvolveu na cidade de Caldonazzo e seus arredores, sendo que essa cidade se localiza nos vales da Valsugana, porção sul da província trentina, fazendo divisa com a região do Veneto. É um sobrenome bastante raro na Itália, sendo encontrado apenas nesses lugares descritos.

Não se sabe ao certo a data precisa, porém, calcula-se que em torne de 1700 a família Poffo tenha se estendido também para a cidade de Levico Terme (também localizada na Valsugana). Levico Terme é famosa por suas bacias de águas termais, servindo como referencia desde os tempos do império romano. Consta um documento de batismo de Domenico Pof datado de 1712 (é provável que seja esse o primeiro documento da família em Levico Terme). A família Pof então se encontrava em Selva, que é distrito (frazione) de Levico Terme. Foi também nessa localidade, que por variação do nome ou por erro de cartório, a família adquiriu o sobrenome Poffo, e foi dessa forma que o mesmo foi transplantado ao Brasil.

Foi dessa cidade que, no final do século XIX, alguns membros da família optaram por emigrar para o Brasil (a imigração trentina para o Brasil atingia seu pico por aqueles anos). Além da família Poffo, diversas outras provenientes da Valsugana imigraram em busca de melhores oportunidades. De Levico Terme emigrou Luciano Poffo para a colônia Rio Novo (ES) e Ermenegildo Poffo para colônia Blumenau (SC), mais precisamente para a localidade que posteriormente seria a cidade de Ascurra.
Outros membros da família também imigraram para outras localidades e outros paises também. Seguiremos o ramo da família Poffo que se estabeleceu no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

O pioneiro da família Poffo a chegar em Santa Catarina foi Ermenegildo Poffo, instalando-se na Colônia Blumenau onde hoje fica a cidade de Ascurra, conforme relatado no livro “A Colonização Italiana de Ascurra, de José E. Finardi & Amauri Alberto Buzzi – Blumenau: Ed. Letra Viva, 1995, p. 178”: ERMENEGILDO POFFO, natural de Levico Terme (TN), onde nasceu em 19 de abril de 1837, era filho de Giovanni Poffo e de Domenica Palaora. Emigrara com a esposa Fausta Libardi, filha de Antonio Libardi e de Domenica Goia e mais seis filhos: Carlo Poffo, nascido em 10 de novembro de 1862; Giuseppe Poffo; Michele Poffo, nascido em 14 de outubro de 1870; Giordano Poffo, nascido em 1 de outubro de 1871; Enriqueta Poffo e Emengildo P. do Poffo, nascido em 11 de março de 1877, data em que chegaram à Colônia Blumenau, de onde foram encaminhados para o lote n. 40, da linha Ribeirão São Paulo, mais tarde transferindo-se para o loto n. 13, da mesma linha colonial. Em Ascurra o casal teve mais quatro filhos: Ângelo Poffo, nascido em 10 de fevereiro de 1880; João Poffo, nascido em 25 de setembro de 1882; Ângela Poffo, nascida em 1 de abril de 1884; Rosa Poffo e Maria Oliva Poffo. Ermenegildo Poffo faleceu em 11 de agosto de 1907, com 70 anos de idade e foi inumado no cemitério de Ascurra.

Foi a partir de Ascurra que a numerosa prole de Ermenegildo Poffo se espalhou por todo Vale do Itajaí, tornando-se uma família influênte e presente em quase todas as cidades. Em Ascurra, membros da família Poffo já ocuparam lugares de destaque na política, com diversos vereadores eleitos chegando inclusive a ocupar o cargo de prefeito Eugênio Poffo no período de 1973 a 1977. No comércio e industria também é visível a marcante presença da família nos mais diversos ramos, desde pequenas e médias industrias, até as de grande porte .

Ainda no ramo industrial existe uma curiosidade interessante a respeito da família, relatada no livro “A Colonização Italiana de Ascurra, de José E. Finardi & Amauri Alberto Buzzi – Blumenau: Ed. Letra Viva, 1995, p. 129-134”: Em Ascurra alguns membros da família se dedicaram ao trabalho com arroz, sendo que Emilio Poffo era sócio da Firma Emiva Ltda, que trabalhava com máquinas de beneficiamento de arroz vindas da Alemanha. Seu irmão, Eugenio Poffo, instalou em 1933 uma outra máquina de beneficiamento de arroz, vinda de São Paulo. Todavia, esse modo tradicional de beneficiamento do arroz causava uma perda de 25% do produto e retirava a parte externa do arroz, que continha a importante vitamina B1. Então, Eugenio Poffo e seu primo, Severino Poffo, passaram a trabalhar incessantemente em pesquisas para descobrir um jeito mais eficiente de beneficiar o arroz. Em 1948 finalmente lograram êxito, criando um arroz integral, que por sua coloração foi batizado de amarelão. O invento dos primos Poffo consistia em submeter os grãos de arroz a um ponto prévio de maceração (espremedura, dissolução) feito em água corrente e límpida, seguido da secagem em certa temperatura, após a qual o arroz era encaminhado para o beneficiamento tradicional.
Esse invento, aparentemente simples, na verdade causou uma revolução na indústria de arroz, produzindo um grão para consumo mais saboroso e mais nutritivo (pois continha as vitaminas que antes eram perdidas).
Esse invento extraordinário logo se disseminou entre todos os plantadores do Vale do Itajaí, sendo depois copiado em todo Estado, país, e finalmente espalhando-se pelo mundo, beneficiando milhares de pessoas ao redor do planeta, causando uma verdadeira revolução no modo de preparo do arroz, que é um grão consumido no mundo inteiro, especialmente no Brasil.
Os primos inventores, Eugenio e Severino Poffo eram netos de Ermenegildo Poffo (imigrante), e deixaram esse fantástico legado para toda a humanidade, não recebendo muitas vezes o reconhecimento que mereciam.

Para pesquisas genealógicas recomendamos os seguintes endereços:

http://www.poffo.com/

http://br.geocities.com/familiapoffo/

http://www.myheritage.com.br/site-14131631/familia-poffo

Conheça mais sobre as cidades de Caldonazzo e Levico Terme, de onde veio a família Poffo do Trentino:

Levico Terme - http://www.comune.levico-terme.tn.it/

Caldonazzo - http://www.comune.caldonazzo.tn.it/



Desenvolvido por: Renan Taffner e Andrey Taffner
Agradecimentos: Marcel L. Zanluca